O jornalista e apresentador Marcelo
Tas encerrou na noite de ontem, 7, a 18ª Semana da Educação com a
palestra: “Que língua fala a molecada digital? De forma descontraída,
apresentou aos docentes sugestões de como lidar com a internet em benefício dos
alunos, além da importância de saber ouvir as redes sociais, ter atenção e
responsabilidade ao usá-las.
Tas, após a palestra, contou sobre
sua carreira profissional e do trabalho como âncora do Programa CQC, da Band,
abrindo perguntas ao público. Também fez imagens do evento, que postou na hora
em sua página no facebook. “Comunicação não é o que eu falo e sim o que
as pessoas ouvem. Às vezes, é lindo o que falo, mas é preciso saber se o outro
entende”, disse.
Em entrevista ao Departamento de
Educação, Marcelo Tas falou sobre a linguagem digital na educação. Confira.
Depto. de educação
- Qual a necessidade de se ter novas linguagens nas mais diversas mídias
hoje em dia?
Marcelo Tas - A gente vive uma
mudança gigantesca por conta da revolução digital, que é bem diferente das
outras coisas que já aconteceram. Isso, porque ela inverte a direção da
comunicação e criou várias linguagens novas. Antes, ficávamos só recebendo as
mensagens da televisão, rádio, jornal e revista. Com a tecnologia começamos a
falar, a dialogar com esses veículos, e é essa linguagem que, creio, traz
muitos ruídos, claro. Tem muita bobagem, mentira, muita coisa errada e, ao
mesmo tempo, muitas oportunidades especialmente para a educação. É uma coisa
que a geração que está sendo educada usa com muita naturalidade; a molecada
digital como eu chamo. Penso que nós, que nos interessamos por educação, temos
que debater, entender como usar as oportunidades dessa revolução para
fazer o que interessa, que é promover uma educação, convivência e um
entendimento de qualidade para todos.
Depto. de educação
- Qual a importância dos docentes saberem trabalhar isso com as crianças?
Marcelo Tas – Bom, agora
não vai mais precisar de professor (risos). Esse é o grande erro. Esse é o
raciocínio que algumas pessoas têm apressadamente. Agora que já se tem
toda informação, não precisa mais de professor. E é justamente nesse momento
que precisa mais. Eu creio que é na revolução digital onde o docente vai poder
ocupar o seu papel essencial, que é promover o discernimento, que é a virtude
mais em falta hoje. Com tanta informação, com essa avalanche de dados e de
ruído também, ele é a referência; deve ser o cara que promove o debate, a
reflexão, o questionamento. Agora, tem que ser um profissional diferente. Não
pode mais ser aquele dos moldes pré-digitais, em que era o único provedor de
informação. Ele era o dono da verdade, que carregava o livro debaixo do braço e
o enfiava pela goela dos alunos. Agora tem que entender que a chance dele
é muito maior de ocupar o seu lugar, que é ser o inspirador desse pessoal, ser
a referência. E tem outra coisa que eu sugiro com toda humildade aos
professores, que é aprender com tudo isso, inclusive com os estudantes. Quer
dizer, também se colocar como aprendiz dessas ferramentas que todos nós estamos
aprendendo. Não é que a molecada sabe mais que o mestre. A molecada tem mais,
vamos dizer, desprendimento para aprender do que a minha geração, que é a que
recebeu a mudança. Então eu faço sempre isso... eu procuro aprender
principalmente com meus filhos, que são os caras que me dão todas as dicas.
Depto. de
educação - Como você define o papel da internet?
Marcelo Tas - A internet
é a ferramenta do presente. Ela já é a principal inovação do mundo em que
vivemos. Os negócios todos hoje acontecem por meio dela. Quando, por algum
motivo, e isso acontece muito, porque nós estamos em uma fase ainda inicial, a
internet cai, para tudo. Não tem voo, não tem banco, nem pagamento, entendeu? A
internet já é para todos nós, até para quem nunca a usou. Uma tia minha,
no interior de Ituverava, na divisa com Minas, mais do outro lado no norte do
estado, nunca navegou na internet. Mas, ela sabe que quando vai comprar um
liquidificador, pede para a empregada fazer uma pesquisa. Sabe que pode
encontrar um aparelho mais barato; que não é da maneira que fazia antes,
que era ir na loja na esquina como tinha lá em Ituverava. Ela tem
consciência de que há ferramentas hoje para ajudá-la a comprar, tomar
decisões domésticas, por exemplo, mesmo sem nunca ter usado essa tecnologia.